E pra não terminar o primeiro mês do ano sem post por aqui, vou contar um pouco sobre como tem sido a minha jornada de desperdício zero neste último ano.
Foram e continuam sendo muitos aprendizados, e acho que é legal documentar e saber que não é fácil e nem cem por cento do tempo perfeito, como muitos acreditam. Também, aqui na Holanda não é mais fácil do que no Brasil, e eu não tenho mais capacidade/consciência ambiental do que ninguém, como já me disseram. Todo mundo começa em algum lugar, e a jornada vem cheia de aprendizados, erros e conquistas, como tudo na vida.
Quero compartilhar algumas coisas que já estão no automático e fazem parte da minha rotina sem que eu perceba, e em outro post contarei sobre as coisas que precisam de aperfeiçoamento e substituições. Bora lá?
Coisas que já estão no automático
Ir ao supermercado e levar sacos e sacolas de pano reutilizáveis
Se não temos nossos sacos de pano, nem pensamos em passar no supermercado, pois não faz sentido.
Uma coisa que aprendemos é que, se tem alguém atendendo (para pegar pão, por exemplo), precisa dizer na hora e já ir extendendo o saco: “gostaria de 5 pães neste saco, por favor”, caso contrário você pode acabar com um saco de plástico ou, pior ainda, a pessoa mal vai usar o saco de plástico e já jogar fora quando você mostrar o saco de pano.
Outra dica, no caixa e na hora de pesar os produtos facilita também se tiver anotado a tara do seu saco e o nome do produto para que a pessoa não fique impaciente ou confusa sobre como cobrar de você.
Ter meu kit desperdício zero sempre à mão
O kit conta com: Garrafa de água reutilizável, guardanapo de pano, xícara para café (de vidro, que serve para cerveja também ;-), canudo de metal, garfo e colher de madeira e um saco de pano (para eventuais lanches) dentro de uma tote bag.
Tenho esse kit sempre comigo no trabalho e algumas peças extras para viagem.
Fazer pasta de dente
O gosto da pasta de dente comum não me agrada mais de jeito algum (experimentei quando tive visitas), muito doce. Salgadinho do bicarbonato de sódio é muito mais amor
Se quiser, a receita de pasta de dente está aqui.
Um banheiro praticamente sem desperdício algum
Além da pasta de dente, nunca mais vi um pote de shampoo e condicionador no meu banheiro (exceto quando as visitas trazem, vai), já que usamos esses ítens em barra e compramos sem embalagem alguma.
Também não usamos mais giletes descartáveis e me sinto de volta no tempo usando as clássicas reutilizáveis (comprei de segunda mão em uma loja estilo Mercado Livre daqui da Holanda).
Reaproveitar e reinventar o uso dos alimentos
Não descascamos mais frutas e verduras, a não ser que seja extremamente necessário (tipo cebola). Batatas, cenouras, tomates, limões, maçãs, pêras… tudo fica com casca, assim ganhamos mais vitaminas e desperdiçamos menos comida.
Também tentamos fazer caldos e chás com as partes de alimentos que não vão em refeições, como caules de broccoli e casca de abóbora, aí guardamos o caldo e podemos usar para cozinhar ao invés de comprar caldos prontos (como o Knorr, por exemplo).
Separar o lixo orgânico para compostagem
Todo o restante do lixo orgânico que não aproveitamos é guardado em uma gaveta no nosso freezer por, em média, 3 semanas (até encher). Assim, o lixo não apodrece e não fica com cheiro até a hora de ir para a compostagem.
O segredo da nossa compostagem? Abre um buraco fundo na terra do quintal, coloca um pouco do lixo, pica com a ponta da pá, coloca um pouco de terra, mistura, e vai formando camadas assim, até fechar tudo e cobrir com a terra por cima. Simples, rápido e eficiente, não precisa de minhocas (apesar de ter um monte naturalmente na nossa terra!) nem de caixotes de plástico.
Ignorar completamente todos os produtos embalados em plástico no supermercado.
Pão? Pegamos avulso na padaria, nos nossos sacos de pano.
Queijo? Pegamos uma peça inteira, sem embalagem.
Chocolate? Pegamos o embalado em papel.
Manteiga? Pegamos a embalada em papel.
Suco? Pegamos no pote de vidro.
Bolacha recheada? Faz mal pra saúde, pra que comprar? (E vem em plástico!)
Um pepino embalado à vácuo no plástico? Meldelsdocéu pra quê. Não compramos, esperamos o dia da feira orgânica chegar.
Recusar brindes, balas e qualquer outro “agradinho” que venha em plástico.
“Quer uma bala?” Não, muito obrigada.
“Você acertou a resposta desse quiz aleatório nesse evento, toma aqui uma caneta com a nossa marca!” Não, muito obrigada.
“Obrigada por jantar no nosso restaurante Tailandês, toma aqui um biscoito da sorte.” Não, muito obrigada.
“Trouxe esses doces americanos, pegue um.” Não, muito obrigada.
“Trouxe esses doces indianos, quer?” *Observo com muita vontade* – Sim, por favor! (sem plástico, yay!).
Quanto mais eu recuso, mais as pessoas param de oferecer. É interessante, e rolam conversas produtivas sobre alternativas viáveis.
É isso que consigo lembrar por agora, e o mais importante é sempre ter em mente os 5 Rs: Recusar, Reduzir, Reusar, Reciclar e Rot (Adubar), e não esquecer que tudo tem que começar em algum lugar, não perfeito, não fácil, é uma jornada de muitos aprendizados.
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