Eu queria muito escrever em ordem pois os fatos ocorreram de tal forma que o casamento vem antes da mudança, mas então eu decidi esperar pelas fotos do casório para, você sabe, fazer um post mais bonito e colorido e tudo o mais, e daí que as fotos não vieram, ou vieram, mas em quantidades pingadas, e a gente chegou em Amsterdam antes de eu poder bolar um post para contar as aventuras do casamento.
O que eu quero dizer é que, como o dia de hoje — o nosso primeiro dia como moradores da capital Holandesa, está tão fresco no minha memória, melhor que eu escreva a respeito ao invés de postergar um update esperando por outro. Permita-me então desconsiderar a ordem cronológica dos eventos, e eu tentarei não me atrasar demais com um texto a respeito do Grande Dia no qual virei Senhora.
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Desembarcamos em Amsterdam por volta das 11h50 do dia de ontem, o dia segundo do mês de outubro de dois mil e quinze, da última vez em que tivemos aqui, tínhamos medo da imigração (dado que não tínhamos refletido muito a respeito de como entrar no país, e somente eu tinha uma carta de recomendação — Rafael não), desta vez, fomos confiantes, a fila andou relativamente rápido, apresentamos nossos passaportes e vistos de moradores e foi isso. Feito.
O que nos fazia tremer as pernas era o que vinha depois: Carregar 6 malas gigantes, mais duas malas de mão, mais duas mochilas, para fora do aeroporto. Sozinhos, por que né, para transportar tudo isso da casa de Porto Alegre até o check-in tivemos, obviamente, a ajuda dos ilustres de sempre: Meu pai, pai dele, minha mãe, mãe dele, meu irmão e a irmã dele Luciana. (obrigada, gente! :’-)) Mas agora era por nossa conta. E no fim, sinceramente nem foi lá tão difícil, empilhamos tudo em dois carrinhos, colocamos algumas coisas a mais nas costas e era isso, fomos ao encontro do nosso motorista, que já esperava com a plaquinha “Sra. Natalia Arsand” (Não é o sonho de qualquer um chegar em um aeroporto e ter alguém esperando com a plaquinha do seu nome??? :D)
O transporte até o apart-hotel em Amstelveen foi bem tranquilo, a maior preocupação que tínhamos era o quão longe estávamos do centro de Amsterdam, já que Amstelveen é uma cidade ao lado, tipo Canoas, se é pra comparar com Porto Alegre. Por isso, o plano foi passar o sábado descansando e no domingo (hoje) fazer o teste e viajar até o centro de Amsterdam.
Então foi isso: ontem logo que chegamos decidimos não dormir, pra não estragar com os nossos horários biológicos e tal, mas também não tínhamos comida e nem pasta de dente, e estávamos mortos de vontade de escovar os dentes! Aí o Rafael desembrulhou a Brompton (a bicicleta dobrável) e foi até o supermercado mais próximo (como aqui é uma zona bem residencial, este ficava há 20 minutos de bike). Eu liguei a TV e fiquei assistindo um programa de auditório Japonês muito doido onde comidas japonesas bizarras eram servidas para pessoas de outros países e então rolava uma discussão sobre opiniões e histórico dos pratos. E estava tão empolgante que dormi.
Aí Rafael chegou com as compras e eu mal me mexia, queria dormir sem parar, ele conseguiu me convencer a levantar pra escovar os dentes pelo menos, e, gente, naquele momento eu sabia que escovar os dentes era a única coisa que poderia ser melhor do que dormir! Aí eu acordei, escovei os dentes, e até tomei banho! E depois voltei a dormir, ele também (também tomou banho, e escovou os dentes, e dormiu).
Eram oito da noite quando acordamos e decidimos que iríamos continuar dormindo até o outro dia, afinal, estávamos exaustos! Eram meia-noite e meia quando acordei achando que já eram, pelo menos, quatro e meia da manhã. E não consegui mais dormir. Nem ele, que acordou algum tempo depois.
Foi então que a meia-noite decidi fazer a sopa pré-pronta que ele trouxe do supermercado, fora entender as instruções em Holandês no verso da embalagem, tivemos um grande desafio em entender como o fogão ultra moderno com touchscreen funcionava… mas depois de algumas buscas no Grande Buscador Google, fizemos e comemos sopa com tranquilidade, me atualizei sobre os ocorridos de guerra da Síria, li vários documentos da empresa… Pelas 4h30 decidimos que deveríamos tentar voltar a dormir.
Acordamos hoje às 13h30 e seguimos o plano: Pegar o trem em direção ao centro de Amsterdam, e foi super fácil! Tem uma estação aqui pertinho que deixa muito perto do trabalho, bem no centro, em 45 min estávamos lá. Tendo entendido o trajeto e como o trem funciona, fomos em busca de comida. Eu já tinha ouvido falar que falafel em Amsterdam era uma coisa de outro mundo, e da primeira vez que viemos até provamos, mas hoje… Não sei se era a fome, só sei que comi o melhor falafel da vida (não que eu tenha tido inúmeras experiências com comida do oriente médio para comparar, mas enfim!). Era um falafel muito bom, e acredito que o nome do lugar era Baba.
Depois disso vimos que o filme The Martian — baseado no livro do Andy Weir com mesmo título, que Rafael leu e achou incrível, e daí eu li e achei incrível, estava em cartaz. Compramos os tickets e fomos dar uma caminhada e tomar um café até o horário chegar.
Passamos por várias lojinhas de waffles e sorvete, e é bem difícil acreditar, mas não paramos em nenhuma — a não ser para pescar sinal de wi-fi. Mas aí entramos em uma loja para comprar chicletes e o atendente olhou bem sério e disse “Querem sorvete? É de graça”. QUEM É QUE NEGA SORVETE DE GRAÇA? Claro que não é o Rafael, então ele pegou um picolé de frutas, e perguntou o motivo de estarem dando sorvetes. “O inverno está chegando, é melhor acabar com isso tudo de uma vez.” Ok.
Fim da história: Assistimos o filme, nos emocionamos (gente, é demais, quase tão bom quanto o livro!), fomos no supermercado comprar complementos para a sopa que sobrou de ontem e coisas para o café da manhã de amanhã. O leite de amêndoas custa ~2.45 Euros, somente alguns centavos a mais do que o leite normal.
Pegamos o trem de volta, tomamos sopa, desentupimos a pia do banheiro — algum engraçadinho deixou uma moeda de 5 cents cair no ralo e trancou tudo. E agora é hora de descansar e me preparar para o primeiro dia de trabalho. Às 9Am estarei lá, recebendo informações sobre como será a minha vida profissional daqui em diante.
Boa noite, Brazeel.
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P.S. Tudo isso aconteceu, desde algum momento no avião até o presente momento, enquanto eu desenvolvia uma enorme espinha no cotovelo, e gente, vocês não fazem ideia de quanta coisa o cotovelo faz, e em quantos lugares ele encosta, até terem uma espinha completamente gigante e inflamada bem ali. Ouch.
Querida
Que bom que tudo deu certinho, e podes contar sempre conosco, nem precisam agradecer nadinha, tudo é feito com muito amor, estamos orgulhosos de vocês, que esta nova caminhada seja muito abençoada, protegida por Deus, e que se tiverem alguma dificuldade saibam que estamos aqui, para ouvi-los. Continue postando para acompanharmos vocês. bjinhos Amados.
Ai guria, que bom ter notícias de vocês!! Vai nos mantendo informados.. sucesso no teu trabalho, que Deus te abençoe!! beijão